Abuso de autoridade, preconceito, segregação e violência contra mendigos e viciados em crack de Goiânia

OPERAÇÃO SALUS: GOIÂNIA NA CONTRA-MÃO DA HISTÓRIA

Órgãos da prefeitura de Goiânia (SEMAS - Secretaria Municipal de Assistência Social e a Guarda Municipal), juntamente com a Polícia Militar  do Estado de Goiás mostraram como não se deve fazer com os viciados em drogas e mendigos da cidade. Batizada de Operação SALUS, palavra cujo significado deriva de saúde, no sentido de higiene, faz Goiânia voltar ao século XIX, época em que as políticas públicas eugênicas, higienistas e militaristas eram adotadas pelos governos autoritários, como o "remédio" e a "cura" para a solução dos  problemas e mazelas sociais enfrentadas no país.

Viaturas policiais se dirigindo ao centro da cidade

Atitudes desumanas, segregacionistas e preconceituosas foram realizadas pelo poder público municipal e estadual. Mais de cem pessoas viciadas em crack e que vivem nas ruas do centro da cidade, foram obrigadas a entrarem nos ônibus da PM, e foram escoltadas até a Secretaria de Seguramça Pública, localizada no centro da cidade, a fim de serem fichadas. 

Helicóptero (comprado de forma superfaturada) utilizado na operação "SALUS"

Na verdade a ação deflagrada, com várias viaturas policiais e até com helicóptero (GRAER), demonstraram a intenção de "desinfectar" a cidade de pessoas, na sua maioria imigrantes nordestinos que mendigam nas ruas de Goiânia. A falta de assistência social e a ausência de  políticas públicas na área da saúde em Goiás, somados aos gananciosos interesses de comerciantes locais e também ao acelerado crescimento imobiliário experimentado na cidade, é na verdade a verdadeira causa da "Operação Salus", que enxerga os dependentes químicos que vivem nas ruas, um grave estorvo ao comércio e ao "boom" imobiliário verificado em todos os bairros da cidade.

Moradores de ruas obrigados a serem fichados na SSP-GO

Em Goiás, e especificamente em Goiânia, é costume resolver problemas socias com ações policiais, de forma  desumana, ilegal e violenta. Após serem fichados, os moradores de rua, foram convidados a irem para o albergue municipal, mas o local é tão insalubre, desconfortável e inseguro, que os mesmos, em sua grande maioria,resolveram voltar às ruas, onde se sentem mais seguros e capazes de experimentarem a solidariedade que compartilham uns com os outros.