Os fatos e acontecimentos que não são publicados na imprensa tradicional estão aqui. A verdade jamais será televisionada: EDUCAÇÃO INDEPENDETE - SÉCULO XXI.
Telefone do Governador Marconi Perillo na agenda do mafioso Carlinhos Cachoeira
A MAFIOCRACIA EM GOIÁS: MARCONI PERILLO E SEUS COMPARSAS
27/07/2012 - 06h15
Agenda de Cachoeira tinha quatro telefones relacionados a Perillo
ANDREZA MATAIS RUBENS VALENTE
DE BRASÍLIA ANDRÉIA SADI
DO PAINEL, EM BRASÍLIA
A agenda pessoal do empresário Carlinhos Cachoeira, investigado por corrupção e contravenção, registra quatro telefones celulares relacionados ao governador de Goiás, Marconi Perillo (PSDB). Há também os números telefônicos de onze deputados federais, de um ex-senador e de um ex-governador.
Perillo é investigado pela CPI do Cachoeira porque, segundo a Polícia Federal, seu governo foi loteado pelo grupo do empresário. Também há suspeitas de ter vendido uma casa para Cachoeira.
O dinheiro do negócio teria vindo do esquema de Cachoeira, segundo a PF.
A lista de 460 contatos foi localizada pela PF num computador tablet apreendido em poder do acusado durante a Operação Monte Carlo, deflagrada pela PF em fevereiro.
Além do nome do governador, há os contatos telefônicos de Antônio Perillo, irmão de Marconi, de mais duas pessoas associadas ao nome "Perillo" e de Eliane Pinheiro, ex-chefe de gabinete do governador, que deixou o cargo em meio ao escândalo.
Fotos do grupo de Cachoeira
Fotos apreendidas pela PF mostram Cachoeira (camisa rosa) em máquinas caça-níquel "possivelmente em Las Vegas"Divulgação Polícia Federal
A agenda traz ainda contatos do ex-senador Eduardo Siqueira Campos (PSDB), do ex-senador e ex-governador do Tocantins Marcelo Soares (PMDB), e de Alan Silva, ex-chefe de gabinete do ministro Alexandre Padilha (Saúde) quando ele era ministro das Relações Institucionais.
A mulher de Cachoeira, Andressa, é identificada como "coração" em seis telefones celulares.
No mesmo tablet, a PF localizou textos cifrados que, segundo a investigação, confirmam a ação de Cachoeira em prol da indicação de pessoas para integrar a administração de Goiás.
Nos computadores de Adriano Aprígio, ex-cunhado de Cachoeira, identificado pela PF como "laranja" do esquema, a polícia localizou fotos que mostram o empresário e o ex-vereador de Goiânia (GO) Wladimir Garcez (PSDB) jogando em caça-níqueis "possivelmente em Las Vegas", nos Estados Unidos. OUTRO LADO
O governador de Goiás, Marconi Perillo (PSDB), foi procurado ontem à noite, por meio de sua assessoria de imprensa, para comentar o registro de seus telefones celulares na agenda de Carlos Augusto de Almeida Ramos, o Carlinhos Cachoeira.
Preso em fevereiro, o empresário é acusado de corrupção e contravenção.
Até a conclusão desta edição, a assessoria não havia respondido.
O governador tem dito que não mantinha amizade ou relações com Cachoeira, tendo conversado com ele, por telefone, apenas uma vez para parabenizá-lo pelo seu aniversário.
Ele nega todas as suspeitas de que beneficiou qualquer membro do grupo de Cachoeira em seu governo. RELAÇÕES
A Folha também telefonou para os números da agenda de Cachoeira que aparecem relacionados ao governador.
Em um deles, quem atendeu o telefone se identificou como "Azulão" e disse que era assessor do governador, mas que não conhecia Carlinhos Cachoeira.
No outro número, quem atendeu disse que já trabalhou com o governador como presidente da Agetop (agência de obras do governo), mas que deixou o cargo "há mais de oito anos".
Nos outros dois números, ninguém atendeu.
FONTE:http://www1.folha.uol.com.br/poder/1126655-agenda-de-cachoeira-tinha-quatro-telefones-relacionados-a-perillo.shtml
MARCONI PERILLO E SEU COMPADRE E SOCIO CARLINHOS CACHOEIRA
MARCONI PERILLO E O ESCANDALO DO TREM LEVE SOBRE TRILHOS (LVT)
Os três amigos
Novas gravações da Polícia Federal mostram
Carlinhos Cachoeira e Demóstenes Torres fazendo negócios em nome do
governador de Goiás, Marconi Perillo
MURILO RAMOS, MARCELO ROCHA E DIEGO ESCOSTEGUY
ÉPOCA teve acesso a novas conversas telefônicas interceptadas pela
Polícia Federal na Operação Monte Carlo – que, no final de fevereiro,
deslindou a infiltração do crime organizado no governo de Goiás. A
íntegra das conversas – 5,9 gigabytes de informação – corre sob segredo
de Justiça na 11ª Vara Federal de Goiânia. Nela, encontra-se fartura de
trechos inéditos – e explicitamente reveladores, sobretudo sobre o
envolvimento do tucano Marconi Perillo, que governa o Estado de Goiás,
com o esquema liderado pelo bicheiro Carlinhos Cachoeira e pela
construtora Delta. Entre outras novidades, há diálogos em que se diz que
Perillo “mandou passar” à Delta um contrato que poderia render R$ 1,2
bilhão. Noutros diálogos, cita-se Perillo como responsável por ordenar,
por intermédio do ex-senador Demóstenes Torres (ex-DEM), que o diretor
do Detran no Estado, indicado por Cachoeira, contratasse uma empresa de
um amigo do governador. Descobre-se, ainda, que um irmão de Perillo,
chamado Antônio Pires Perillo, ou Toninho, tinha um celular Nextel
habilitado nos Estados Unidos para conversar com Cachoeira – e que
Toninho prestou serviços a ele.
Desde que a existência da quadrilha de Cachoeira veio a público, em
fevereiro, sabia-se que a força do grupo escorava-se, entre outros
políticos, no senador Demóstenes. O envolvimento de Perillo aparecia,
até então, por indícios. Na semana passada, ÉPOCA revelou as evidências
– contidas num relatório enviado pela PF à Procuradoria-Geral da
República – de que a Delta firmara um “compromisso” político com
Perillo: comprara a casa que o governador vendia, pagara R$ 500 mil a
mais do que ela valia – e passara a receber em dia o que o governo de
Goiás lhe devia.
De acordo com as gravações, outros acertos de Perillo com as empresas
ligadas ao esquema de Cachoeira acontecem em março de 2011, logo após a
venda da casa para a Delta. No dia 1º de março, Perillo vende a casa. No
dia 2, começam os negócios. Às 21 horas, Demóstenes liga para
Cachoeira. O assunto é urgente: Demóstenes tem um “recado” a transmitir a
Cachoeira. De quem? De Perillo. Descobre-se, portanto, que a relação de
Perillo com a quadrilha de Cachoeira era ampla – envolvia não apenas
seu assessor Wladmir Garcez, que acabara de intermediar os pagamentos da
Delta pela casa, mas também Demóstenes. Diz Demóstenes: “Fala, professor. O seguinte: tava precisando falar com você. Ou se você não puder, manda o Wladmir (Garcez) falar comigo. Não é nada daquele assunto, não. É outro, que apareceu agora. É um recado do Marconi. Precisava te passar” (ouça o áudio).
Cachoeira pergunta se Demóstenes está em Goiânia. “Tô aqui”, diz
Demóstenes. “Se você puder vir aqui... Se não puder, manda o Wladmir que
eu explico o que é.” Cachoeira não titubeia: “Vou aí agora então”.
Pouco mais de meia hora depois, após o encontro com Demóstenes,
Cachoeira liga para o presidente do Detran de Goiás, Edivaldo Cardoso,
conhecido como Caolho. Caolho fora nomeado para o cargo assim que
Perillo assumiu o governo, segundo a investigação, por indicação de
Cachoeira, que o encarregara de assegurar que a Delta e demais “empresas
amigas” faturassem alto não somente no Detran, onde ele assinaria
contratos e autorizaria pagamentos, mas também nas demais áreas do
governo de Goiás. Como Caolho faria isso? Graças a seu acesso
privilegiado à cúpula do governo tucano, Caolho tinha bom trânsito com
Perillo e seus assessores. Deveria ainda manter Cachoeira a par de
possíveis novos projetos do governo.
É nesse contexto que transcorre o diálogo entre Cachoeira e Caolho
naquela noite de março – um breve, porém claro, sinal do empenho de
Perillo em ajudar a turma. Cachoeira diz a Caolho: “Tenho um recado do
Marconi e do Demóstenes para você”. Caolho pergunta do que se trata.
“Por telefone é ruim, né?”, afirma Cachoeira. Ato contínuo, Caolho
pergunta se os dois podem se encontrar. Cachoeira, cansado depois de um
dia intenso e sem encontrar uma brecha na agenda do dia seguinte, acaba
transmitindo o recado de Perillo por telefone. “Você teve com a
Politec?”, diz Cachoeira. “Tive, ué”, responde Caolho. Temendo uma
bronca, Caolho se adianta e conta tudo: “Quem mandou, pediu para eu receber a Politec foi o Marconi (Perillo). Ligou e pediu para eu receber o cara (da empresa Politec)” (ouça o áudio). Cachoeira confirma: “Aí mas ele (Perillo) não lembra, não. O problema é esse. Ele falou lá que você tinha que fechar (com a Politec), o negócio deles lá”.
Caolho explica em detalhes a ordem de Perillo para contratar a Politec. “O homem (Perillo) que ligou para mim. O Barros (Carlos Alberto Barros, fundador da Politec) estava lá no palácio, ele (Perillo)
me ligou, falou comigo pessoalmente para eu receber o cara lá”, diz.
Cachoeira determina então que Caolho resolva logo o contrato com os
executivos da Politec: “O Demóstenes falou para você nem chamar o
Marcelo (Marcelo Augusto Gomes de Lima, gerente de projetos da empresa)”.
Caolho conta que a Politec já o procurara para oferecer serviços de
vistoria para carros. Diz Caolho: “Esse negócio foi o Marconi que pediu.
(...) Ele (Perillo) ligou e eu atendi. Não mandou recado, não. Ligou no telefone e falou assim, ó: ‘Eu tô aqui com o Barros (da Politec).
Você conhece ele? Ele vai te procurar. Você pode receber ele aí hoje?’
Eu disse: ‘Posso, governador, manda ele vir aqui que eu falo com ele
agora’”. Perillo, segundo o relato de Caolho, é direto: “(Perillo) falou: ‘Atende ele (Barros, da Politec) aí que é meu amigo, tá?’”.
Ao perceber que o assunto já estava encaminhado no Detran, Cachoeira se
irrita com a pressão de Perillo e ordena que Caolho explique a situação
aos executivos da Politec. Diz Cachoeira: “Fala para eles (Politec):
‘O que foi politicamente combinado já está fechado’”. Caolho também
reclama: “Povinho estressado... E o Marconi também tem uma memória de
grilo”. “Mas aí você já passa lá amanhã e resolve esse estresse”, diz
Cachoeira. Em seguida, ele afirma que os executivos da Politec também
pressionaram Demóstenes. Noutra ligação com Cachoeira, cinco minutos
depois, Caolho está mais leve: “Amanhã resolvo isso. Hahaha! Eu acho
divertido um negócio desses. O governador manda receber o cara, o cara
chega para mim e diz que conversou com ele. (...) ‘O senhor (Barros, da Politec) só põe no papel aqui para mim que eu vou autorizar’: foi essa minha conversa com ele (da Politec)”.
Os interesses da Politec, do amigo de Perillo, foram atendidos. A
empresa conseguiu prestar serviços ao Detran, presidido por Caolho, sem
licitação nem contrato formal. O serviço de vistoria de carros, antes
feito por múltiplas empresas credenciadas, passou a ser executado
exclusivamente pela Politec. Em fevereiro deste ano, o Departamento
Nacional de Trânsito, o Denatran, detectou irregularidades no sistema
oferecido pela Politec ao Detran de Goiás. Descobriu-se que a Politec
não era homologada no Denatran nem repassava as informações das
vistorias ao banco de dados do órgão – brecha que permitia, em tese, que
carros roubados ou fora dos padrões de segurança fossem revendidos.
Diante dos fatos, o promotor Rodrigo Bolelli determinou ao Detran goiano
que encerrasse a contratação informal da Politec.
A Politec, que nasceu em Goiânia, é uma grande empresa de tecnologia.
Vale R$ 254 milhões e mantém contratos com governos estaduais, além do
governo federal. Desde que Perillo virou governador, no ano passado,
recebeu R$ 8 milhões do Estado de Goiás. Quando Barros abordou Perillo
no ano passado, a Politec já estava encalacrada com a PF. Em 2009, ela e
outras três empresas foram alvo da Operação Mainframe, ação conjunta da
Polícia Federal e da Secretaria de Direito Econômico (SDE) contra o
cartel que presta serviços de informática ao governo federal. Num dos
endereços vasculhados pelos agentes da PF foram encontradas anotações
com nomes de políticos e valores anotados ao lado. Havia, segundo os
investigadores, o nome de um senador – a identidade dele é mantida sob
sigilo. As investigações desse caso ainda estão em curso.
Caolho era mesmo próximo a Perillo? Ao que tudo indica, sim. Semanas
depois da pressão para a contratação da Politec, no dia 30 de março,
Perillo foi jantar na casa de Caolho, ao lado de Cachoeira – e admite
isso. Escutas da PF revelam que Cachoeira e Caolho esmeraram-se nos
preparativos para o convescote. Num dos áudios, Cachoeira afirma que
levaria uma garrafa de vinho e uma de champanhe ao encontro. Pouco antes
da tertúlia, Cachoeira liga para Garcez e pede que se apresse: Perillo
deveria chegar antes do previsto. Esse jantar é um dos três encontros
que Perillo admite ter tido com Cachoeira. O segundo foi na sede do governo goiano. O terceiro, na casa do ex-senador Demóstenes Torres (ouça o áudio).
As novas investigações da PF também se referem a um segundo caso: a
instalação em Goiânia do VLT, veículo leve sobre trilhos. Na tentativa
de criar uma agenda positiva, Perillo reuniu secretários na semana
passada para definir o cronograma da licitação que escolherá a empresa
responsável pela instalação do trem. Perillo espera que, na segunda
quinzena de agosto, o edital seja lançado. O VLT deverá fazer a ligação
leste-oeste da cidade, com 12,9 quilômetros de extensão, uma obra
incluída no Programa de Aceleração do Crescimento (PAC).
Segundo a investigação da PF, as articulações do governo, no ano
passado, para implantar o VLT em Goiânia ficaram comprometidas porque o
contrato fora dirigido para a Delta. Num diálogo interceptado no dia 30
de março de 2011, Garcez narra a Cachoeira uma conversa mantida com o
presidente da Agência de Transportes e Obras Públicas (Agetop) e
tesoureiro de Perillo na campanha de 2010, Jayme Rincón. Nesse diálogo,
segundo Garcez, Rincón disse que o governador escolhera a Delta para
administrar as obras. “O governador já tinha falado com ele (Rincón) sobre o negócio do VLT e que é pra passar o negócio pra Delta”, afirmou (ouça o áudio).
Em entrevista a ÉPOCA, Rincón disse não ter conversado com Garcez sobre
o VLT: “Não tem a menor consistência. Nem se cogitava o VLT. Esse
assunto não é afeito a minha área”. ÉPOCA perguntou a ele por que
participara da reunião com Perillo no início da semana, para tratar
justamente desse assunto. Rincón afirmou que acompanha temas de
infraestrutura do governo goiano e que a única participação da Agetop
será ceder funcionários para elaborar uma carta-consulta ao BNDES.
As investigações da PF trazem ainda um terceiro assunto à tona: o
envolvimento de Antônio Perillo, irmão do governador, com a quadrilha de
Cachoeira. De acordo com os áudios, ele pertencia ao clube dos que
usavam aparelho Nextel para falar com integrantes da turma do bicheiro.
Numa das ligações, Cachoeira pergunta onde Toninho está. Toninho diz que
está na saída de Goiânia. Diante de um convite de Cachoeira para
encontrá-lo na sede da Delta Construções, Toninho foi rápido: “Vamos agora” (ouça o áudio).
Em outro telefonema, Cachoeira demonstra intimidade com ele. “Toninho,
você me chamou aqui e desligou o telefone. Tá parecendo aquelas
biscates”, diz Cachoeira. Em 8 de abril do ano passado, Cachoeira
conversa com Roberto Coppola, seu sócio argentino no ramo dos jogos de
azar. Quando Cachoeira informa a Coppola sobre a possibilidade de ir a
Buenos Aires na Semana Santa, Coppola diz que Toninho também iria à Argentina no período (ouça o áudio).
Toninho chegou a acionar Garcez, em 14 de fevereiro deste ano, para
perguntar por que seu Nextel não funcionava. No mesmo dia, Eliane
Pinheiro, ex-chefe de gabinete de Perillo, pede a Garcez que verifique a
situação do aparelho, pois “Toninho está de viagem marcada para Miami”.
A mensagem
Para os políticos As investigações da PF desnudam as conexões entre Cachoeira, Perillo e Demóstenes Para o eleitor É importante considerar esse tipo de informação na hora de votar
O governador Marconi Perillo afirmou que “jamais disse a quem quer que
seja” para passar as construções do VLT de Goiânia para a Delta. “Esta
afirmação é infame e irresponsável. Como é que o governador poderia
pedir a alguém para ‘passar uma obra’ que não existia nem no papel nem
se sabia ainda se seria executada?”, afirma. Segundo Perillo, o projeto
do VLT ainda está em fase de elaboração. Em relação à Politec, Perillo
afirmou que “todos os empresários que o procuram são por ele
encaminhados aos órgãos competentes para que se inteirem dos projetos e
assuntos relacionados ao governo”. Tudo isso, segundo ele, de forma
transparente. “As informações são prestadas pelos responsáveis por cada
área do governo sempre obedecendo aos princípios de ética, lisura e
transparência.” Perillo foi questionado também sobre as relações de seu
irmão com Cachoeira, incluindo o aparelho Nextel doado pelo grupo do
bicheiro. Perillo disse que a pergunta deveria ser formulada ao irmão e
que não tem conhecimento desse assunto. No comunicado, Perillo disse que
não mais se pronunciará a respeito de assuntos de ordem pessoal. “Não
cabe alimentar ilações retiradas fragmentadamente de mais de 30 mil
horas de gravações, com o único intuito de criar polêmicas e estabelecer
relações entre fatos que não se coadunam. Entre todas as gravações
divulgadas, não existe nenhuma comprobatória de negócio ou contrato que
efetivamente tenha beneficiado alguma pessoa ou empresa.”
A crer na versão de Perillo, o que se lê, ouve e se descobre a cada dia
nas investigações da PF decorre não somente de uma sofisticada ação
orquestrada “politicamente” pelo PT, mas também de uma extraordinária
sucessão de coincidências e mentiras contadas por diferentes integrantes
da turma de Cachoeira. Coincidências e mentiras corroboradas por
cheques, transferências bancárias, atos de governo. É verdade que Garcez
poderia estar usando indevidamente o nome de Perillo e ter criatividade
suficiente para inventar recados ou acertos. Mas era amigo de Perillo,
frequentava seu gabinete e lhe entregava cheques de Cachoeira. O mesmo
vale para Cachoeira, Cláudio Abreu, da Delta, e para os demais
personagens envolvidos nos repasses de dinheiro. Como se descobre agora,
o mesmo sinuoso raciocínio teria de ser aplicado ainda a Caolho,
Demóstenes, ao irmão de Perillo...
Líder do PT na Câmara defende impeachment de Marconi Perillo em Goiás
Deputado Jilmar Tatto (SP) disse ser contrário a uma nova convocação do governador de Goiás para falar à CPI da Cachoeira: 'Para quê? Para dar o showzinho dele?', questionou
O líder do PT na Câmara, deputado Jilmar Tatto (SP), disse ser contrário a uma nova convocação do governador de Goiás, Marconi Perillo (PSDB), para falar à CPI da Cachoeira. Para ele, o tucano mentiu em seu depoimento e merece ser cassado pelo elo com o contraventor e não deveria continuar no comando do governo de Goiás.
O líder petista afirmou que a Assembleia Legislativa de Goiás deveria abrir um processo de impeachment e que, se isso não fosse feito, caberia ao STJ tomar a medida de afastar Perillo da função. "É uma temeridade para Goiás ele continuar governador", afirmou.
"Eu acho que não tem de convocar [Perillo à CPI]. Para quê? Para dar o showzinho dele? Bobagem. O que a CPI deveria fazer é representá-lo no Ministério Público para que esse possa representá-lo no Superior Tribunal de Justiça (STJ)", continuou Tatto.
O parlamentar petista disse que existem três fatos que comprovariam o envolvimento de Perillo com Cachoeira. "Tem três episódios com provas materiais que ligam o Perillo ao Cachoeira. Primeiro a casa, que está provado que foi Cachoeira quem comprou. Segundo, a cota de funcionários que ele colocou no governo. Terceiro, que foi o Cachoeira que pagou dívidas de campanha do governador."
Grampo: Cachoeira pagava contas de secretários de Marconi Perillo
MARCONI PERILLO, OU PEDE PARA SAIR, OU TE TIRAREMOS: IMPEACHMENT JÁ!
Por Chico de Gois (chico.gois@bsb.oglobo.com.br) | Agência O Globo
BRASÍLIA - Interceptações telefônicas da Polícia Federal, gravadas com autorização judicial e às quais O GLOBO teve acesso, sugerem que o bicheiro Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira, pagava contas de secretários do governador de Goiás, Marconi Perillo (PSDB), e, para isso, valia-se da construtora Delta. Para membros da CPI do Cachoeira, os diálogos demonstram que várias áreas do governo do tucano estavam comprometidas com o grupo de contraventor. Os deputados e senadores da comissão já defendem a reconvocação de Perillo para falar da liberação de recursos para a Delta em troca da compra de sua casa.
Em 27 de abril do ano passado, irritado com o fato de encontrar dificuldades para emplacar algumas indicações no governo de Perillo, Cachoeira irrita-se com Wladmir Garcez, apontado pela Polícia Federal como o braço político do esquema, e critica Wilder Morais (DEM-GO), que assumiu a vaga de senador que se abriu com a cassação de Demóstenes Torres e que era, até a semana passada, secretário de Infraestrutura do governo. O telefonema foi gravado às 19h e durou 41 segundos.
- Eu não consigo pôr no Detran, o Wilder foi lá e emplacou. O Wilder não dá um centavo pra ninguém. Imagina só: o Wilder vai lá para o Palácio, consegue convencer o Marconi a colocar o cara e você tá lá todo dia e não fala nada. Você tá com o secretariado todo dia, todo dia você traz conta pra mim, levo pro Cláudio, e não consegue emplacar ninguém. Entendeu? - reclamou Cachoeira, fazendo referência a Cláudio Abreu, da Delta Construções. - Escutei, chefe - admite Wladmir, encabulado. Às 19h22m, Cachoeira volta a dizer que paga as contas dos secretários: - Ô, Wladmir, eu tô fazendo a coisa. Esquece esse negócio de viagem, meu. Eu tô puto, porque vai enchendo o saco, vai caindo a gota, sabe, aí um bobão tá lá no trem lá, ele tá lá. O Edivaldo (Cardoso, presidente do Detran de Goiás) fala que não tem isso, não tem aquilo, que acabou com a CLT, que não sei o que que tem, que não vai fazer isso, não vai fazer aquilo, e o cara tá lá. Tá sendo empossado na nossa cara, rapaz. E nós aqui, ó. Você todo dia traz uma conta diferente pra mim. Todos os dias. Um cargo que a gente tinha, todo dia, esse bosta deste cara, esse malandro desse Rincón, todo dia você tá com ele, rapaz, nós tínhamos uma gerência, nós tínhamos uma diretoria forte. Não temos mais nada. Não temos uma pessoa nossa lá - irrita-se o bicheiro.
Rincón é Jayme Rincón, presidente da Agência Goiana de Transportes e Obras (Agetop). Para Miro, conversa atesta intimidade Na semana passada, O GLOBO noticiou que Cachoeira estava irritado com Wilder Morais, que assumiu a vaga de Demóstenes Torres no Senado. Em conversas com Garcez, o bicheiro xinga Morais e observa que ele não colocou qualquer centavo na campanha de Marconi ao governo, dando a entender que ele, Cachoeira, havia contribuído e não estava tendo o retorno esperado. Para o deputado Miro Teixeira (PDT-RJ), o teor do diálogo no qual o contraventor fala do secretariado demonstra que há uma intimidade entre os auxiliares de Marconi e Cachoeira. - Parece que ele fala genericamente, mas dá para perceber que há um grande número de secretários que têm intimidade com ele para resolver problemas - declarou. O senador Randolfe Rodrigues (PSOL-AP) vê uma ligação forte entre membros do governo de Perillo com Cachoeira. -Tudo faz sentido. Várias áreas do governo estavam comprometidas com Cachoeira e com a Delta. Procurada pelo GLOBO, a assessoria do governador de Goiás não se pronunciou até o fechamento desta edição.
NUNCA ESQUECEREMOS.NUNCA ESQUECEREMOS.NUNCA ESQUECEREMOS.NUNCA ESQUECEREMOS.NUNCA ESQUECEREMOS.NUNCA ESQUECEREMOS.NUNCA ESQUECEREMOS.NUNCA ESQUECEREMOS.NUNCA ESQUECEREMOS.NUNCA ESQUECEREMOS.NUNCA ESQUECEREMOS.NUNCA ESQUECEREMOS.NUNCA ESQUECEREMOS.NUNCA ESQUECEREMOS.NUNCA ESQUECEREMOS.NUNCA ESQUECEREMOS.NUNCA ESQUECEREMOS.NUNCA ESQUECEREMOS.NUNCA ESQUECEREMOS.NUNCA ESQUECEREMOS.NUNCA ESQUECEREMOS. EU NUNCA ESQUECEREMOS.NUNCA ESQUECEREMOS.NUNCA ESQUECEREMOS.NUNCA ESQUECEREMOS.VOCÊ NUNCA ESQUECEREMOS.NUNCA ESQUECEREMOS.NUNCA ESQUECEREMOS. NÓS TODOS NUNCA ESQUECEREMOS.NUNCA ESQUECEREMOS.NUNCA ESQUECEREMOS. NUNCA ESQUECEREMOS.
No dia 27 de junho, o Núcleo de Inteligência da Polícia Federal remeteu à Procuradoria-Geral da República um relatório sigiloso, contendo todas as evidências de envolvimento do governador Marconi Perillo com o esquema da construtora Delta e do bicheiro Carlinhos Cachoeira. Como governador de Estado, Perillo só pode ser investigado pelo procurador-geral da República – e processado no Superior Tribunal de Justiça. O relatório, a que ÉPOCA teve acesso com exclusividade, tem 73 páginas, 169 diálogos telefônicos e um tema: corrupção. O documento está sob os cuidados da subprocuradora Lindora de Araújo, uma das investigadoras mais experientes do Ministério Público. Ela analisará que providências tomar e terá trabalho: são contundentes os indícios de que a Delta deu dinheiro a Perillo. Alguns desses 169 diálogos já vieram a público; a vasta maioria ainda não. Encontram-se nesses trechos inéditos as provas que faltavam para confirmar a simbiose entre os interesses comerciais da Delta em Goiás e os interesses financeiros de Perillo. Explica-se, finalmente, o estranho episódio da venda da casa de Perillo para Cachoeira, que não foi bem entendido. Perillo nega até hoje que tenha vendido o imóvel a Cachoeira; diz apenas que vendeu a um amigo. O exame dos diálogos interceptados fez a Polícia Federal, baseada em fortes evidências, concluir que: 1) assim que assumiu o governo de Goiás, no ano passado, Perillo e a Delta fecharam, diz a PF, um “compromisso”, com a intermediação do bicheiro Carlinhos Cachoeira: para que a Delta recebesse em dia o que o governo de Goiás lhe devia, a construtora teria de pagar Perillo; 2) o primeiro acerto envolveu a casa onde Perillo morava. Ele queria vender o imóvel e receber uma “diferença” de R$ 500 mil. Houve regateio, mas Cachoei¬ra e a Delta toparam. Pagariam com cheques de laranjas, em três parcelas; 3) Perillo recebeu os cheques de Cachoeira. O dinheiro para os pagamentos – efetuados entre março e maio do ano passado – saía das contas da Delta, era lavado por empresas fantasmas de Cachoeira e, em seguida, repassado a Perillo. Ato contínuo, o governo de Goiás pagava as faturas devidas à Delta; 4) a Delta entregou a um assessor de Perillo a “diferença” de R$ 500 mil; 5) a direção nacional da Delta tinha conhecimento do acerto e autorizou os pagamentos. Para compreender as negociações, é necessário conhecer dois personagens, que chegaram a ser presos pela PF. Um é o tucano Wladmir Garcez, amigo de Perillo e ex-presidente da Câmara de Vereadores de Goiânia. Garcez atua como uma espécie de embaixador de Perillo junto à Delta e à turma de Cachoeira: faz pedidos, cobra valores, entrega recados. O segundo personagem é Cláudio Abreu, diretor da Delta no Centro-Oeste e parceiro de Cachoeira no ataque aos cofres públicos de Goiás. Na hierarquia da Delta, Abreu detinha a responsabilidade de obter contratos públicos para a construtora e – o mais difícil, custoso – assegurar que os governantes liberassem os pagamentos em dia. A corrupção neste caso, como em tantos outros, nasce na oportunidade que o Poder Público oferece: um detém a caneta que pode liberar o dinheiro; outro detém o dinheiro que pode mover a caneta. Na simbiose entre a Delta e o governo de Goiás, Garcez e Abreu eram os sujeitos que se dedicavam a fazer o dinheiro girar, multiplicar-se. Não há caixa de campanha ou questiúncula política nessa história. O objetivo era ganhar dinheiro.
A mensagem Para a Justiça O relatório da PF traz indícios de que a Delta transferiu dinheiro a Perillo, e eles devem ser investigados Para o eleitor A investigação pode dar um novo norte à CPI do Cachoeira
A PF começou a monitorar as atividades ilegais das duas turmas, de Perillo e da Delta, em 27 de fevereiro do ano passado. Naquele momento, Perillo cobrava o pagamento do “compromisso” da Delta. Num diálogo interceptado pela PF às 20h06, Cachoeira pede pressa a Abreu. Disse Cachoeira: “E aquele trem (dinheiro) do Marconi (governador), hein? Marconi já falou com o Wladmir (Garcez), viu”. Abreu chora miséria, como bom negociante. “Vou falar amanhã que não tem jeito”, diz Cachoeira. “Mas não é 2 milhões e meio, não. Ele (Marconi) quer só a diferença.” Cachoeira refere-se, aqui, à operação de venda da casa, o assunto mais urgente naquele momento. Abreu faz jogo duro: “Pois é, doutor, eu não tenho como. Do mesmo jeito que o Estado tá com o orçamento fechado, eu também tô”. O jogo é simples: uma parte quer que a outra aja antes. Perillo quer o dinheiro antes de liberar a fatura; Abreu, da Delta, quer a fatura paga antes de liberar o dinheiro para Perillo.
As negociações prosseguem, emperradas em alguns momentos por desconfianças mútuas. Numa ligação na mesma noite, Cachoeira certifica Abreu de que Garcez, o interlocutor de Perillo, não está pressionando a Delta sem motivos. “Não é o Wladmir, não. É ele (Marconi) que tem esse trem na cabeça, da diferença e não sei o quê, viu?”, diz. No dia seguinte, preocupado com a demora da Delta em liberar o dinheiro, Cachoeira pede a Garcez que dê “um aperto” em Abreu, de modo a garantir o negócio. Garcez liga para Abreu e reforça que a Delta deve pagar logo o “compromisso” com Perillo. Garcez explicara a Perillo que a Delta não conseguiria quitar o acerto logo. Diz Garcez, no diálogo com Abreu: “Tive lá no Palácio, conversei com o governador lá. Falei... ‘Olha, o compromisso que ele (Abreu) tinha feito com o senhor faltava 1 milhão e meio. (...) Ele (Abreu) vai ver se cumpre aquele compromisso com o senhor”. Diante da pressão, Abreu diz que tem “outros compromissos” em Mato Grosso e em Mato Grosso do Sul. Pede tempo. Nervoso com a lentidão de Abreu, Cachoeira resolve dar prosseguimento ao negócio com Perillo – e cobrar depois da Delta. A partir daí, o acerto realiza-se com rapidez. Ainda no dia 28, Garcez informa a Cachoeira que Perillo quer cheques nominais. Combinam a entrega de três cheques para o dia seguinte, às 14 horas: dois de R$ 500 mil e um de R$ 400 mil, depositados no dia 1o de cada mês. Em seguida, no dia 1o de março, Cachoeira faz a operação: pede ao sobrinho que assine os cheques, avisa a Delta e manda entregar os cheques no Palácio das Esmeraldas, sede do governo de Goiás. Às 14h53, Garcez, que estava no Palácio, confirma a Cachoeira que os cheques foram entregues e avisa que levará a escritura do imóvel no dia seguinte. Doze minutos depois, Cachoei-ra já pede a contrapartida a Garcez: “O trem da Delta, aqueles 9 milhões que o Estado tem de pagar... Você levou para mostrar para ele (Perillo)?”. Garcez confirma: “Tá comigo aqui. Oito milhões, quinhentos e noventa e dois, zero quarenta e três”. Às 16h37, Garcez informa a Cachoeira que está no gabinete do governador, entregando os cheques. Em seguida, Garcez comunica a Abreu que os problemas da Delta acabaram. “(Perillo) falou que vai resolver: ‘Não, pode deixar que isso aqui eu resolvo’”. E resolveu: ainda no dia 1o de março, o governo de Goiás liberou R$ 3,2 milhões para a conta da Delta. No dia seguinte, o cheque de R$ 500 mil foi depositado na conta de Perillo.
No dia 3 de março, Cachoeira comemora com Abreu a “porta aberta” com Perillo. “Ele (Perillo) engoliu aqueles 500 mil... Ele (Perillo) responde em tudo, deu as contas para pagar”, afirma Cachoeira. Cachoeira pediu a seu sobrinho Leonardo Ramos, que costuma assessorá-lo, para que preparasse um contrato de compra e venda no nome de um laranja – e começou a chamar amigos para conhecer a linda casa que comprara de Perillo. No dia 25 de março, o governo de Goiás liberou mais um pagamento de R$ 3,2 milhões para a conta da Delta. Enquanto os pagamentos caíam nas contas da Delta, a Delta cobria, por meio de uma empresa laranja, os cheques dados por Cachoeira.
O segundo cheque de R$ 500 mil foi compensado no dia 4 de abril. Cachoeira, sempre zeloso, checava tudo com seu contador. No dia 29 de abril, antes da compensação do último cheque, no valor de R$ 400 mil, Abreu voltou a reclamar com Cachoeira que as faturas da Delta haviam sido retidas novamente. Abreu foi claríssimo na contrapartida necessária para pagar o último cheque: “Deixa eu te contar uma amarelada que eu dei aqui. Wladmir (Garcez) tá me rodeando aqui. Eu falei: ‘Wladmir, tá bom: que dia vai me pagar? Tá prometido até sexta que vem, tá? Então vamos fazer o seguinte: eu pago os 400. Se ele (Perillo) não me pagar até sexta (...) você me devolve os 400’. Aí ele amarelou aqui”. Os dois reclamaram da demora de Perillo. Cachoeira disse: “Agora tem de tolerar porque nós já pusemos o pé na jaca”. Eles reclamam, reclamam, reclamam... mas no fim pagam. No dia 2 de maio, Cachoeira ordenou a seu contador que contatasse o pessoal de Perillo e descontasse o último cheque. “Aquele lá (o cheque) não podia falhar de jeito nenhum, né?”, diz o contador. O cheque foi descontado. E o que aconteceu? O governo de Goiás liberou mais uma parcela de R$ 3,2 milhões para a conta da Delta. Não demorou para Cachoeira perceber que morar na antiga casa do governador de Goiás lhe traria problemas. Num diálogo com sua mulher, Andressa Mendonça, em 17 de maio (leia na página ao lado), Cachoeira compartilhou seu temor por telefone: “Esse trem não vai dar certo (da casa). Vão acabar sabendo que é minha”. Cachoeira começou, então, a procurar um modo de se desfazer do imóvel, apesar dos protestos de Andressa, que já decorara a casa e adorava o lugar. As conversas interceptadas pela PF mostram em detalhes como Cachoeira repassou a casa para um terceiro, o empresário Walter Santiago, sem aparecer. Para isso, recorreu à ajuda de Garcez, que coordenou a transação. Garcez assegurou ao empresário que a casa era de Perillo. No dia 12 de julho, Walter Santiago, rodando num carro blindado, encontrou-se com Garcez e lhe entregou R$ 2,1 milhões em dinheiro vivo. Cachoeira orientou Garcez pelo telefone: “Manda trazer o dinheiro aqui no Excalibur (prédio onde mora Cachoeira), entendeu? Manda o professor (Walter Santiago) trazer no Excalibur, porque ele tá com carro blindado”.
Em seguida, Garcez informou a Cachoeira que Lúcio Fiúza, então assessor especial de Perillo, estava com eles no carro. Responde Cachoeira: “Então pega tudo e vem para casa. Dá só os quinhentos na viagem para o doutor Lúcio. (...) Já fala para o doutor Lúcio pegar os cem também (parte do assessor de Perillo). É dois e cem, viu (R$ 2,1 milhões, o dinheiro a ser entregue)? Pega os cem logo e já mata ele, ou então já fala a data que ele tem de entregar”. Não fica claro se os R$ 500 mil para Fiúza referem-se à parte de Perillo nessa segunda operação – ou se era um pagamento pendente por outra razão. Também nessa segunda operação, Cachoeira recebeu – e distribuiu a gente próxima a Perillo – mais dinheiro do que valia o imóvel. Cachoeira confirma isso num diálogo com Andressa, ainda no dia 12. Andressa pergunta por quanto ele vendeu a casa. “Dois e cem”, diz Cachoeira. “Esse trem é do Marconi e não ia dar certo, não. Tem de passar logo esse trem para o nome dele (possivelmente o empresário Walter). Porque eu vou perder um trem de bilhões por causa de um negócio à toa.” Andressa não quer saber de negócios ou dinheiro. Quer saber da prataria da casa e das coisas bonitas e caras que comprou para decorá-la. “Você explicou para ele (empresário Walter) que roupa de cama, coisa pessoal, acessório de banheiro, nada disso vai, né?”, diz Andressa. Cachoeira se irrita: “Deixa a roupa de cama do jeito que tá lá. Não faça isso, não. Pega as pratarias que o Wladmir escondeu lá dentro”. “Eu não vou deixar roupa de cama de 400 fios para ele, não. Cê tá louco?”, diz Andressa. Cachoeira, então, confessa o preço real da casa e revela a existência da “diferença”. “Deixa do jeito que tá. Aquilo lá custou quanto? Afinal, eu comprei ela (a casa) por mil (R$ 1 milhão), vendi por mil e quinhentos (R$ 1,5 milhão). Tá bom, me ajudou a vender.” A conta é a seguinte, segundo a PF: o empresário Walter Santiago pagou R$ 2,1 milhões pela casa. Destes, R$ 100 mil foram para Fiúza, o assessor de Perillo, R$ 500 mil para Perillo, levados por Fiúza – e o restante, R$ 1,5 milhão, para Cachoeira.
Segundo Perillo, a Receita Federal atestou que seu patrimônio é compatível com seus rendimentos
O que Cachoeira fez depois de receber o R$ 1,5 milhão? Ligou para a Delta. Confirmou o recebimento do dinheiro e perguntou a Abreu se o contador da Delta já fora avisado. Abreu disse que estava ao lado de Carlos Pacheco, principal executivo da Delta, a quem Abreu chama de “chefe”. Abreu disse: “Eu falei com o chefe aqui, viu, amigo? Ele falou que era para você guardar esse dinheiro, era para você aplicar lá no entorno (entre Brasília e Goiás), no projeto. Que o projeto lá vai exigir uns 4 milhões e meio, mas eu falo com você pessoalmente”. A PF não descobriu que projeto seria esse. Mas a fala de Abreu deixa claro o que outros diálogos confirmam: a direção da Delta nacional não só sabia das operações de Cachoeira no Centro-Oeste, como coordenava algumas negociações. Até agora, a Delta insiste na versão segundo a qual Abreu agia sozinho.
E manteve sua linha de defesa, após ÉPOCA questionar a empresa sobre as novas evidências. Por meio de uma nota, a Delta afirma não ter conhecimento da apresentação de uma fatura da empresa ao governador Marconi Perillo, nem da visita de Wladmir Garcez ao Palácio de governo para resolver um assunto da empreiteira. A nota também afirma: “Empresas de construção civil que atuam no setor público, como a Delta, precisam zelar e velar pelo recebimento pontual e em dia dos compromissos assumidos a fim de não ocorrer solução de descontinuidade nas obras”. A empresa diz ainda que o ex-presidente Carlos Pacheco nunca teve relação comercial com Cachoeira e que a empresa tem prestado esclarecimentos necessários aos órgãos instituídos.
Perillo também preferiu não prestar esclarecimentos a ÉPOCA. Não respondeu às perguntas sobre eventuais conversas para discutir pagamentos da Delta e sobre a relação desses pagamentos com a venda da casa. Em nota, limitou-se a dizer que “prestou, por meses a fio, todos os esclarecimentos solicitados pela imprensa, pela sociedade e pela CPI”. Perillo criticou ainda o deputado Odair Cunha (PT-MG), relator da CPI do Cachoeira. Disse que o deputado quer transformar a CPI numa “comissão de investigação do governador Marconi Perillo”. Diz ainda a nota: “No exaustivo crivo a que foi submetido, nenhum fato se encontrou que possa desabonar sua biografia (de Marconi Perillo) de cidadão ou de homem público. Ao contrário, a Receita Federal, por exemplo, emitiu nota técnica na qual atesta que o patrimônio do governador é compatível com seus rendimentos. Portanto, o governador Marconi Perillo informa que, considerando já devidamente esclarecidos os assuntos de fato relevantes, não se pronunciará mais a respeito de questões atinentes a sua vida privada, reservando essa providência, como é natural, unicamente para os assuntos relacionados a suas atividades como governador do Estado”.
Perillo depôs na CPI do Cachoeira há um mês, quando começavam a se acumular evidências de que ele mantinha relações com a empreiteira Delta e com Cachoeira. Na ocasião, foi claro: “O senhor Carlos Cachoeira não teve a menor participação na venda da casa. (A venda da casa) foi feita de forma transparente ao atual empresário Walter Paulo. (...) Os valores (da venda da casa) foram de acordo com o mercado”. Até agora, desconfiava-se que as três afirmações não eram verdadeiras. Agora, com o relatório da PF, sabe-se que são falsas: Cachoeira participou da compra da casa, a operação aconteceu na sombra e o valor da venda foi superior ao de mercado.
Perillo também disse à CPI: “De forma desavisada ou maldosa, vejo, aqui ou acolá, afirmações de que o senhor Carlos Augusto, o Cachoeira, teria influência em meu governo”. Os diálogos interceptados pela PF e a cronologia do pagamento das faturas à Delta revelam que Cachoeira tinha, sim, influência. Outra frase de Perillo: “Falaram (nos diálogos até então divulgados) sobre seus planos (da turma de Cachoeira), mas nada se concretizou. Nada! Reafirmo: nada se concretizou”. Aqui, mais uma vez, as cobranças da Delta ao amigo de Perillo, os cheques compensados nas contas de Perillo e o consequente pagamento das faturas da Delta apontam o contrário. Por fim, Perillo bradou na CPI: “Não tem propina no meu Estado”. É uma afirmação ousada. Os delegados da Polícia Federal e a Procuradoria-Geral da República, ao que parece, discordam.
TERRORIMO DE ESTADO: GRUPOS DE EXTERMÍNIO EM GOIÁS FORMADO POR POLICIAIS MILITARES
POR UMA OUTRA POLÍCIA MILITAR EM GOIÁS
Os bandidos são policiais!
É antiga a prática de pistolagem em Goiânia. Durante as décadas de 80 e 90, todos se lembram da famosa esquina da av. Anhanguera com a rua 07 no centro de Goiânia, no já extinto bar "Café Central", ponto de encontro de pistoleiros de aluguel e seus aliciadores.
Parece que só mudou o endereço, pois a pistolagem continua em alta em Goiânia, e a polícia insiste em relacionar o altíssimo aumento de homicídios na capital goiana, com o aumento do tráfico de drogas. A verdade que a Secretaria de Segurança Pública e o Governo de Goiás não quer admitir é a existência de um esquadrão da morte em Goiânia, ou seja, um grupo de extermínio comandada por policiais do alto escalão da polícia militar.
A imprensa tem noticiado nos jornais várias mortes à ação de PM´s, inclusive a do cronista esportivo Valério Luiz, cuja invejável pontaria do executor, só se compara a de um policial bem treinado (snyper). Agora nem mesmo a imprensa goiana está a salvo destes bandidos de farda.
Na verdade o estado perdeu completamente o controle sobre a polícia militar goiana, que se transformou em uma verdadeira instituição da morte, um sistêmico esquadrão da morte, um quartel do crime que mata ao bel prazer, criando seus próprios códigos de justiça, fazendo as listas de nomes dos que devem morrer, ficando ao final totalmente impunes, e ainda tendo ao final dos crimes seus nomes arrolados na folha de pagamento do estado, pois se tornaram funcionários públicos da morte. NÃO QUEREMOS ESTA PM GOIANA! FORA POLICIAIS BANDIDOS! POR UMA OUTRA POLÍCIA MILITAR EN GOIÁS! FIM AO GENOCÍDIO DA PM-GO. FORA MARCONI E SEUS COMPARSAS MAFIOSOS.
MARCONI PERILLO MENTE NA CPI E TENTA ENGANAR POVO GOIANO
Relatório da Polícia Federal diz, segundo reportagem da revista "Época",
que o governador de Goiás, Marconi Perillo (PSDB), e a construtora
Delta firmaram um "compromisso": para receber o que o Estado devia, a
empresa deveria pagar ao político.
O "compromisso", segundo a publicação, foi intermediado pelo empresário
Carlinhos Cachoeira e consta de um relatório da PF remetido em 27 de
junho à Procuradoria-Geral da República.
De acordo com a reportagem, fez parte desse acordo a venda da casa onde o
governador morava, no condomínio Alphaville, em Goiânia. Cachoeira foi
preso pela PF nesse imóvel, em fevereiro.
Pela casa, Perillo recebeu uma "diferença" de R$ 500 mil que, segundo a
revista, vieram da Delta. O pagamento teria sido feito em três cheques,
em nome de laranjas,
O dinheiro passaria por empresas-fantasmas do grupo de Cachoeira para
disfarçar sua origem, e, depois, chegaria às mãos do tucano.
A publicação cita que essa negociação teve participação de Wladmir
Garcez, amigo do governador e ex-presidente da Câmara Municipal de
Goiânia, e Cláudio Abreu, ex-diretor da Delta no Centro-Oeste.
Desde março, Perillo diz que tratou da venda da casa só com Garcez e que
não prestou atenção em quem eram os emitentes dos cheques.
A Folha já havia revelado em 1º de junho que os cheques que
remuneraram Perillo pela transação saíram de uma conta bancária que
recebeu dinheiro da Delta, segundo peritos da Polícia Federal.
Em outro diálogo gravado pela PF e mostrado pelo jornal, Cachoeira diz
que esperava ter "portas abertas" junto a Perillo após a compra da casa
do governador.
OUTRO LADO
A assessoria de imprensa do governador de Goiás, Marconi Perillo (PSDB),
disse que os "contratos já foram aprovados por uma sindicância feita
pela Controladoria Geral do Estado e pelo Tribunal de Contas do Estado".
"[Os contratos] não são objeto de qualquer tipo de contestação de nenhum órgão de controle", informou a nota.
A maioria dos contratos públicos da construtora Delta, segundo o
governo, são da gestão passada, e os feitos sob Perillo são resultado de
concorrências públicas "amplamente disputadas".
O texto do governo cita como argumento o fato de a empresa ter R$ 6
milhões a receber do Estado por serviços prestados a Agetop (Agência
Goiana de Transportes e Obras Públicas), mas que não foram pagos "por
uma postura adotada" pela atual gestão.
Segundo a assessoria, mesmo depois da venda da casa, a Delta e os demais prestadores de serviços receberam em dia suas faturas.
"Procurar estabelecer ligação entre três pagamentos feitos à Delta de
uma série continuada de outros pagamentos é uma atitude de má-fé,
leviana e irresponsável."
A assessoria diz que os vazamentos de informação são uma forma de denegrir a imagem do governador de Goiás.
"Tirar de 30 mil horas de gravações fragmentos de conversas, mantidas
por terceiros, com o propósito de estabelecer relações que não condizem
com a realidade é mais uma atitude de grupos políticos que tentam, de
todas as formas, denegrir a imagem do governador Perillo."
A Delta tem afirmado que somente se pronunciará aos "canais institucionais". FONTE: http://www1.folha.uol.com.br/poder/1120278-delta-fez-acerto-com-governador-de-goias-diz-revista.shtml